Este ano estou a leccionar Português ao 10º ano. É um desafio para mim, porque se há assuntos que me preocupam, é o bom Português. Fiquei contente pelo facto de os programas terem mudado. Finalmente se teve consciência que conhecer Camões, Gil Vicente, Fernando Pessoa, Garrett, Antero de Quental, Saramago(...) é importante, mas primeiro é preciso percebê-los. Falar de iliteracia e testá-la, é o primeiro passo. Hoje na aula, os alunos, primeiro ficaram muito espantados com um artigo que, devidamente identificado, revelava que apenas um quinto da população portuguesa,entre os 15 e os 64 anos, tem competência para perceber o que é escrito, e depois riram-se com um outro que dava conta dos maus exemplos do português falado, não nas aldeias mas nos meios citadinos. Curiosamente, identificaram logo a "runião", o "xelente", a "tevisão", o "estrordinário", o "tefonar", a transformação de vogais abertas em fechadas e a supressão de sílabas, entre outros, como o português vindo da capital. E isto é triste se pensarmos que é a televisão ao dar tempo de antena às Bobones, às Caneças e às Castel-Brancos que fomenta isto! Não tarda muito que se institua o erro como norma porque é falado por gentinha iletrada que entra pelas casas dentro através do monstruoso poder da televisão.

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